quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Relatório (Viagem - Serra do Salitre) 07/09/2008 e 25/09/2008

Encontro de Moçambiques

A viagem para a Serra do Salitre fez com que eu revivesse e recordasse memórias da minha infância. O pão de queijo, o desfile dos ternos, a receptividade acalorada da parte do Capitão "Seo" João me lembraram o Congado da minha cidade, o Prata. Lá não há desfile de ternos tão variados como na Serra do Salitre, mas o clima festivo e animado, as batidas do tambor e as fardas são elementos comuns entre as duas festas.

Logo na chegada, o grupo Baiadô, que não é um terno, se apresentou na casa do "Seo" João, como geralmente, os ternos costumam fazer. Depois assistimos as apresentações de alguns ternos que cantavam e dançavam suas músicas. Ocorreu ai, uma interação entre os grupos que se apresentavam que se ouviam e observavam os ternos que iam chegando. Haviam ternos mais coloridos e com danças mais coreografadas, dá pra se notar, que os componentes dos ternos vivenciam e experienciam suas danças e o preparo de seus figurinos não só perto das apresentações, mas no seu cotidiano. No teatro é necessário o ensaio, a vivência do que é apresentado, características que fazem parte dos integrantes dos ternos que assistimos.

O momento em que os ternos se apresentavam dentro da igreja para a rainha da festa me lembrou as apresentações teatrais da Idade Média que ocorriam dentro das igrejas. Os padres se vestiam de anjos e demônios e apresentavam peças com o intuito de transmitir lições morais e conhecimentos religiosos aos fieis. Neste ponto, a esta do Congado se diferencia dessas apresentações que se chamavam "autos medievais". Os ternos cantavam para a rainha da festa e para homenagear a Nossa Senhora do Rosário.

Com relação ao Baiadô, consegui notar vários elementos teatrais presente no grupo. Quando o grupo começava a cantar, o público, a distancia, observa com curiosidade. Mas, logo, as danças envolvem os espectadores que acabam participando das brincadeiras propostas. A interação entre o grupo e o publico acaba ocorrendo de maneira prazerosa e divertida. Os integrantes do Baiadô tem que estar preparados para a interação com o publico, as pessoas inventam movimentos novos as danças propostas, fazendo com que o grupo esteja aberto ao que vem de fora.

Este estado de prontidão, de estar aberto ao jogo e de interação com o publico são importantes componentes do fazer teatral.



***************POSTADO POR ALEXANDRE NUNES!

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